Nas palavras da artista: “Eu nasci e fui criada em Campo Grande, na periferia do Rio de Janeiro, Brasil. Devido à minha posição política fortemente ligada à comunidade queer e marcada pela minha transição de gênero, escolhi a França como meu país de residência desde setembro de 2019. Fui aceita como estudante de intercâmbio na École des Beaux Arts de Paris durante este primeiro ano na França, o que se seguiu a um mestrado na mesma escola em 2020. Inerentemente autobiográfico, meu trabalho vai desde performances até instalações, buscando criar um debate público sobre experiências de desejo e violência que atravessam corpos queer e racializados diariamente. Como mulher trans, nos últimos anos, estabeleci uma prática de manipulação de metal como uma forma terapêutica de redistribuir a violência que meu corpo catalisa em uma sociedade cis-heteronormativa. A partir dessa prática de cura, criei escudos, armaduras e instalações de corte afiadas que colocam o público sob o mesmo holofote a que sou submetida por causa do meu corpo e identidade trans feminina.
Cada escultura minha é um feitiço, às vezes para cura e às vezes para proteção. Esta se chama feitiço faminto pois ela tem fome e nos protege do mau olhado.”