Lances iniciais em 19/10
Ana Vaz, artista e cineasta, nasceu no planalto central brasileiro habitada pelos fantasmas enterrados pela capital federal modernista Brasília. Consequências ou expansões da sua cinematografia, suas atividades se incorporam também na escrita, na pedagogia crítica, em instalações ou caminhadas coletivas.
Seus filmes foram exibidos em festivais como Locarno, Berlinale, New York Film Festival, Courtisane e MoMa Doc Fortnight. Seu primeiro longa-metragem, É noite na América (2022), ganhou prêmios em Locarno, Festival dei Popoli, Entrevues Belfort e FIDOCS.
Suas exposições recentes incluem Do you believe in ghosts? – 24º Prix Ricard, exposição coletiva na Fundação Pernod Ricard; É Noite na América, exposição individual no Jeu de Paume, em Paris; Pivô, São Paulo, e Escola das Artes, no Porto, Portugal; Shéhérazade, la nuit, exposição coletiva no Palais de Tokyo, Paris; Penumbra, exposição coletiva no Complesso dell’Ospedaletto, Veneza; Biennale Gherdëina (com Nuno da Luz), exposição coletiva, Dolomitas.
Ela recebeu o Kazuko Trust Award, concedido pela Film Society of Lincoln Center e a Robert E. Fulton Fellowship, da Universidade Harvard, em reconhecimento à excelência artística e à inovação de seu trabalho cinematográfico. Seus filmes ganharam prêmios importantes no Cinéma du Réel (Há Terra!, 2016), Punto de Vista (Apiyemiyekî?, 2019), Media City e Frontier (Occidente, 2014) e estão incluídos nas coleções do CNAP (Centre National des Arts Plastiques), Kadist, FRAC Bretagne e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Meteoro é uma série de filmes-poemas que tece uma etnografia reversa de diferentes capitais europeias (Paris, Porto, Bristol) como eixos do pensamento colonial. Em uma atmosfera sombria e telúrica, as cidades são percebidas como alucinações, reveladas em sua dimensão espectral: o que parece ausente contamina tudo que vemos: seu passado colonial e seus futuros desastres. Passado e futuro, histórias e presságios se entrelaçam sob o olhar prismático de poetas, autores, trabalhadores e contadores de histórias, como fragmentos de um arquivo futuro. A série conta com contribuições de autores como Olivier Marboeuf, Maïa Tellit Hawad e Isabel Carvalho. Juntamente com os filmes-poemas, uma série de polaroids em preto e branco evoca traços de Meteoro (2023 – ) através de um processo de manipulações manuais feitas pelo artista em cada impressão, trazendo à tona vestígios de presenças espectrais e corporais conjuradas em cada imagem. Mais do que meras representações, as imagens são manifestações de forças que excedem o quadro. Em Vitória da Conquista, vemos um quartzo negro extraído em Vitória da Conquista, Bahia, exposto como parte da coleção do Museu de Mineralogia no Jardin des Plantes em Paris — uma síntese perfeita da modernidade científica europeia em sua configuração (pós)colonial.